COLONIZAÇÃO

I
Nasci num clarão da mata
Na nudez do acampamento
Rústico parlamento
Onde a folha do facão
Advoga com a razão
Nos entreveros da luta
Que aos talhos e a força bruta
Foi dando a conformação
Dos direitos de um quinhão
Com muito suor e labuta

II
Foi aí que vim ao mundo
Num acampamento agrário
Sem direito, sem salário
E a mata pra desbravar
Picadas para alargar
Roça, roçado, tiguera
Cobra braba e muitas feras
Lutando contra a incerteza
Pra botar o pão na mesa
E ter um pedaço de terra

III
Para fazer a partilha
Foi o mapa desenhado
E ali no mais demarcado
O limite divisório
Onde um marco provisório
Sinalizou o corredor
Pra depois o agrimensor
Correr o metro, passar a trena
Mesmo sendo uma área pequena
Só quem tem, que dá o valor

IV
Era o fim de uma etapa
Da saga do agricultor
Do povo trabalhador
Buscando um tempo melhor
E agora era deitar suor
Usando a foice, o machado
Para fazer o roçado
Botar fogo na tiguera
Pra depois arar a terra
E colher o que foi plantado

V
Lembro do cabo da enxada
E do arado vira-chapa
Do melado, da puxa-puxa, da rapa
Da comida de panela
Do meu rancho sem tramela
Onde o fogo do borralho
Era um santo quebra galho
Nas noites frias de geada
Aquecendo as madrugadas
De um novo dia de trabalho

VI
Foi assim o nascedouro
Da agricultura familiar
E hoje eu posso falar
Por que já estive acampado
Pois sou filho de assentado
Tirei da terra o sustento
Já produzi o alimento
Fiz colheita em mutirão
E por isso eu dou a razão
À quem reclama assentamento

VII
Por isso que quando vejo
Um agricultor acampado
Pedindo pra ser assentado
Me toca profundo a alma
E a mim mesmo peço calma
Pois, bom cabrito não berra
Mas por que? com tanta terra
Ainda tem que esperar
Se só querem trabalhar
Por que alimentam essa guerra?

VIII
Somente quem não conhece
Pode pensar diferente
E não ver que a semente
Que produz um fruto novo
Que mata a fome do povo,
Pra que seja germinada
Ela terá que ser plantada
Pelas santas mãos do colono
Que da terra não sendo dono
Pra ele não sobra nada

IX
Então eu faço um apelo
Ao nosso poder central
Ao Governo Federal
Pra que agilize a questão
Dê à cada um seu quinhão
Como fez Leonel Brizola
Que deu terra, fez escola
Plantando assim o futuro
O colono, só quer um lugar seguro
E jamais precisa de esmola

POMPEO DE MATTOS
Deputado Federal
PDT/RS


ESCRITÓRIO POLÍTICO

Rua Riachuelo, 1038 Sala 1405, Centro Histórico
CEP 90010-272 - Porto Alegre/RS

Fone: (051) 3225-1942

GABINETE

Câmara dos Deputados Anexo IV, Gabinete 704
CEP 70160-900 - Brasília/DF

Fone: (061) 3215-5704

2019 | Sitelegis